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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

EXPEDIÇÃO CHILE - DIÁRIO DE BORDO 1

EXPEDIÇÃO CHILE – Diário de Bordo 1
(25 a 27 de dezembro de 2017 - saindo do Brasil)

Estes três primeiros dias da viagem foram bastante corridos... muita estrada e pouco tempo para passear e escrever... então decidi fazer um "triário" de bordo... lá vai.

PRIMEIRO DIA – 25/12
Como ganhamos um dia para rodar, exatamente o dia de Natal, optamos por um caminho um pouquinho mais longo: no lugar de Florianópolis-Porto Alegre-Uruguaiana fizemos Florianópolis-Santa Cruz do Sul-Uruguaiana... então o trajeto deste primeiro dia foi do nosso ponto de partida até minha cidade Natal, saindo às 8:00 e chegando em torno de 17:00, rodando um total de aproximadamente 640 km. O almoço, como sempre, foi no Luzardo (km 1) da Estrada do Mar. Na Santinha ficamos no Hotel Charrua... é a melhor opção em termos de custo-benefício e também em termos de localização. Nossa estada foi de apenas 16 horas; mesmo assim deu tempo para ir à Missa de Natal na Catedral São João Baptista (a maior igreja em estilo gótico da América Latina), fazer uma visita ao mano e jantar no Quiosque da Praça (há opções melhores na cidade, como o Chefe Davi e a Churrascaria Centenário, mas estavam fechadas).

SEGUNDO DIA – 26/12
Saímos de Santa Cruz à 8:00 e chegamos em Uruguaiana um pouco depois das 16:00. Neste dia também optamos por um caminho um pouco mais longo, via Pantano Grande; com isso rodamos em torno de 500 km. Morei e trabalhei em Rio Pardo durante 5 anos (1978-1982) e quis aproveitar para dar um “cheiro” na cidade... foi uma passagem relampado, incluindo o centro, a antiga estação ferroviária e a praia nos Ingazeiros (praia do Rio Jacuí). Nesse dia almoçamos em Rosário do Sul. Em Uruguaiana saímos do hotel apenas para jantar, do Restaurante da Praça. Recomendo o restaurante: muito bom. Ficamos no Hotel da Fronteira... achei fraco para o preço cobrado; o atendimento e a localização são bons; mas os quartos são pequenos e o café da manhã só servido às 7:00 (complicado para quem quer sair cedo) e é fraco. Em Uruguaiana recomendo o Hotel Presidente (onde ficamos no ano passado; fica mais distante do Centro, mas tem um ótimo restaurante e as instalações são melhores... não ficamos nele porque não consegui reserva quando tentei).

TERCEIRO DIA – 27/12
Observação preliminar: na Argentina não há horário de verão (pelo menos nessa região ao sul... então, se nesse período o Brasil estiver com horário de verão, é necessário atrasar os relógios em uma hora).
Hoje foi o nosso dia de entrar na Argentina e conferir pessoalmente o que dizem sobre suas estradas e sua polícia; rodamos 840 km. Começamos com um erro gerado pelo GPS: nos mandou sair da cidade pelo mesmo caminho pelo qual entramos... desconfiamos, mas decidimos seguir por uns quilômetros porque lembramos que na mesma direção havia a estrada que leva da entrada da cidade para a Ponte Internacional. Mas quando ele quis nos mandar para Quaraí percebemos que efetivamente havia algo errado... conferimos tudo, reiniciamos, e ele continuou nos mandando para o caminho errado. Então optamos por seguir as placas indicativas e atravessar a ponte. Foi nesse momento que percebemos qual era o problema: estamos usando um Garmin e o mapa original nele instalado é apenas do Brasil... no cartão eu coloquei um mapa do Mercosul + Chile baixado do Projeto Mapear. O GPS não junta os mapas... flutuamos sobre o rio (kkkk) porque a ponte não aparecia... mas chegando do lado argentino ele assumiu automaticamente o outro mapa e nos forneceu todas as indicações de forma precisa e correta. Já usamos os mapas do Projeto Mapear para rotas no Uruguai: são excelentes. Este ano, além dos mapas, baixamos também todos os POIs que eles disponibilizam; é muito legal porque há avisos de controle de velocidade incluídos. Além do Mapear também instalamos no Vitara (que tem um tablet com sistema Android no painel) o Maps.me. Com isso rodamos sempre com dois GPS funcionando, o que dá mais segurança em um país estrangeiro, principalmente quando ambos te apontam as mesmas rotas.

Sobre a cidade, Villa María, achamos um pouco suja... e com cheiro de esgoto; a escolhemos porque é o ponto intermediário entre Uruguaiana e Mendoza; como foi apenas trânsito, tudo ok. Quanto ao Hotel República, onde nos hospedamos, é muito bem localizado e tem garagem fechada para carros e motos; fica no centro, a uma quadra do calçadão e com bons restaurantes no raio de 500 metros... dá para sair, passear e jantar a pé. O atendimento é muito bom, mas tem dois pontos fracos:
os quartos são pequenos e tem um carpete bastante velho... e o café da manhã tinha basicamente carboidratos: a única proteína animal era manteiga... nada de frios como estamos acostumados nos hotéis brasileiros; havia também uma salada de frutas... mas a base era mesmo pães, croissants e outros farináceos. Ia esquecendo: tem um elevador quase centenário, daqueles que ainda tem uma segunda porta de grade e que dá um “soco” cada vez que inicia o movimento ou para. Ainda sobre o hotel, assim que chegamos nos perguntou se íamos usar a isenção do IVA (em torno de 21%); para ter direito a ela é necessário pagar com cartão de crédito estrangeiro (brasileiro no nosso caso) e ter dado entrada oficialmente no país (por isso levamos passaportes, embora sejam dispensados no Mercosul) e os carimbamos na Aduana. 

Jantamos em uma Parrilla indicada pelo hotel... a carne argentina, como sempre, muito saborosa e macia; o preço da comida na Argentina, comparado com o Uruguai onde estivemos no ano passado, é muito mais acessível; o ponto negativo ficou pela demora no atendimento... demora para fazer, demora para trazer a conta, etc... mas a Parrilla La Rosita é um restaurante bem argentino e de boa qualidade; uma opção a ser recomendada para quem passar pela cidade. Sobre a opção de caminho: você pode optar por fazer trechos mais longos e dormir em Córdoba; a cidade é maior... será minha opção na próxima vez que vier para estes lados.

Observações importantes sobre rodar nessa região da Argentina:

POLÍCIA ARGENTINA – ouvimos falar muito dos problemas com a Polícia Argentina: pedidos de propina, exigências que não estão da legislação, multas por infrações inexistentes, etc. Vamos contar nossa experiência deste primeiro dia: (a) passamos por mais de 10 postoz e barreiras policiais; (b) fomos parados 3 vezes; (c) pelo que pudemos perceber não fomos parados ou deixados de ser parados pelo carro ser brasileiro; em todas as vezes em que fomos parado os outros carros que também o foram eram argentinos; nas situações em que não fomos parados, os carros que estavam parados eram argentinos; pelo que pudemos perceber eles fazem blitz permanente, estão sempre parando carros e verificando documentos e o cumprimento das exigências legais (situação com a qual não estamos acostumados no Brasil); percebemos que algumas blitz eram direcionadas para determinados tipos de carros ou pessoas; em uma delas inclusive havia um cão farejador (provavelmente estavam procurando drogas); (d) foram sempre extremamente educados e atenciosos conosco; inclusive nos sugeriram uma alteração no trajeto que tínhamos inicialmente previsto para chegar em Villa María, com a informação de que as estradas seriam melhores e pegaríamos a AU9, com ganho de qualidade e tempo; (e) apenas nos pediram os itens obrigatórios: documento do carro, carteira de motorista, carta verde, extintor (isso é importante: no Brasil não é mais obrigatório e os carros novos não vem com ele... eu tivemos de mandar instalar antes de viajar) e triângulos (na Argentina são exigidos 2; ou seja, tem de comprar um extra e colocar no carro); e, finalmente, (f) levamos uma multa, merecida: estávamos com a luz apagada quando na Argentina é obrigatório o uso de farol baixo mesmo durante o dia (como ocorre atualmente no Brasil)... descuido total. Paramos em um mercado para comprar água e algo para comer; ao retornar à estrada esquecemos de ligar o farol... o posto da polícia ficava uns 500 metros depois do mercado. Não pediram propina, nos perguntaram mais de uma vez se estava claro o motivo da multa e explicaram que não sairíamos do país sem paga-la. Também explicaram que há duas formas de pagamento: na Aduana, na saída, ou no local da multa, neste caso com desconto de 50%. No local o pagamento só poderia ser realizado com pesos argentinos e nós receberíamos o comprovante do pagamento, emitido pela autoridade policial (foi emitido através do sistema informatizado, impresso em 4 vias, carimbado e assinado pelo policial, devidamente identificado); esse recibo deve ser apresentado na saída, na Aduana. Em resumo: conosco, neste primeiro dia, nada a reclamar ou a falar da Polícia Argentina; se houve multa, nós fomos os culpados; e a forma de pagamento, pelo que pudemos verificar, é absolutamente adequada. A dica que fica é que na Argentina não há, na abordagem, um primeiro esclarecimento, sem multa. Se você estiver errado, vai ser multado... e os valores são bem pesados.

ESTRADAS ARGENTINAS – regra geral estão em muito bom estado, apenas com alguns trechos em obra. E não encontramos nenhum radar até Villa María (se havia, não os vimos). A velocidade, mesmo nas pistas simples, é, regra geral, de 100 ou 110... nas de pista duplicada, de 120... e na Auto Pista 9 (AU9) é de 130 km/h. Essa experiência nos ajudou a entender porque os “hermanos” aceleram tanto quando estão no Brasil.

POSTOS DE COMBUSTÍVEL – há vários em todo o trajeto, de diferentes bandeiras... a maioria aceita cartões de crédito.

PEDÁGIOS - há muitos, e é necessário pagar com pesos argentinos.


ALIMENTAÇÃO NA ESTRADA – regra geral há apenas lanches, nos postos de combustível... é recomendável levar no carro água e algo para comer no caminho, lembrando que há em algumas regiões um controle sanitário rígido e não são permitidas frutas... sementes (tipo amendoim, castanha...) apenas em embalagens lacradas.


CARTA VERDE - não esqueça que para circular nos demais países do Mercosul é necessário portar o seguro Carta Verde; se não estiver incluído em seu seguro, procure um corretor e providencie. É a primeira coisa de os policiais pedem... e é importante que esteja impresso em papel verde... há relatos de casos em que a polícia não aceitou o seguro porque estava impresso em papel branco.

2 comentários:

Luiz Valério disse...

Desejos uma ótima viagem a vocês! Sobre multa por farol apagado, vejam nosso relato...http://nosvamosdecarro.blogspot.com.br/2013/02/patagonia-e-lagos-andinos-diario-de_18.html?m=1
Grande abraço. .. Feliz 2018!

Kahtia disse...

Li tudo e simplesmente adorei. Além de me sentir viajando junto é altamente esclarecedor e informativo. Obrigada por compartilhar! Boa viagem