EXPEDIÇÃO CHILE – Diário
de Bordo 14
(8-12
de janeiro de 2018 – San Pedro de Atacama: passeios turísticos)
Optamos,
por questões que incluem segurança, passam pelo fato de ser complicado
abastecer o carro por aqui e, em especial, dizem respeito ao nosso cansaço de
todo esse período de estrada que já acumulamos (mais de 5.000 km), em fazer
todos os passeios através de agências.
No
hotel nos recomendaram três: Maxim, Turistour e Latchir... mas há muitas em San
Pedro... escolher por nós mesmos, sem indicação, nos pareceu complicado... não
teríamos critério (apenas os preços). Destacamos que as indicações foram
realizadas porque solicitamos.
As
agências indicadas praticam preços muito semelhantes e todas possuem mais de 10
anos de atuação (a experiência é um critério bem interessante); também são bastante
profissionalizadas (pelo menos é o que pareceu pela estrutura das lojas, em
especial as duas últimas). É possível encontrar preços bem mais em conta nas
agências menores, que ficam “catando” clientes na rua.
Decidimos
pagar um pouco mais e fazer um pacote dos 4 principais passeios com a
Turistour. Em termos de atendimento, até gostamos mais da atenção que nos foi
data pelo atendente da Maxim (que também é um guia); mas optamos pelo Turistour
porque nos ofereceu um pacote com todos os 4 passeios.
O
preço foi o mesmo que pagaríamos pelos 4 de forma isolada na Maxim... mas na
Maxim teria de ser em dinheiro (dólares ou pesos); na Turistour pagamos com
cartão de crédito. A outra diferença é que os grupos da Maxim são menores (no
máximo 12 pessoas); os grupos da Turistour poderão ser próximos de 30 (com um
ônibus).
Incluímos
na nossa lista um quinto passeio: o Tour Astronomico. Neste caso a recomendação
que nos foi dada no hotel (e que já tínhamos também pesquisado na internet) era
fazer com a Space. Na realidade a Space é uma agência especializada, que
oferece apenas esse passeio. Ela possui um espaço próprio para observação, com
10 telescópios instalados e um astrônomo responsável.
TOUR
ASTRONOMICO – sobre esse tour é importante salientar que ele não ocorre em dias
de lua cheia, quando o céu fica impróprio para a observação, e também quando
está nublado ou chovendo... e lembrar novamente que a única agência
especializada é a Space, embora várias outras ofereçam o passeio. Na Space há
uma agenda de dias e horários em diferentes línguas; mas desde o final de
dezembro não há em português porque o guia ficou doente. Como há uma “aula” de
astronomia de aproximadamente uma hora é necessário escolher uma língua que
você consiga entender; se não for assim, o tour não terá nenhum sentido. No
horário marcado estávamos na esquina da Caracoles com a Domingos Atienza para
pegar o ônibus que nos levaria ao local em que fica o observatório. O trajeto
até o local é curto e demora uns 15 minutos. Quando o ônibus chega próximo ao
observatório ele desliga as luzes e segue por um caminho marcado por pequenas
lâmpadas; as luzes do ônibus, se acesas, atrapalhariam a observação dos grupos
que já estão no local. Gostamos muito, em especial da primeira parte, em que
nos foram dadas várias explicações sobre o universo, os astros, o mapa estelar,
sempre nos mostrando no céu os objetos sobre os quais se estava falando... a
guia utilizava um lazer que tem um facho de luz que permite apontar no céu os
objetos sobre os quais estava realizando a exposição. Como o Atacama está nos
Trópicos e possui uma umidade muito baixa, em torno de 15%, é considerado um
dos melhores locais do mundo para a instalação de telescópios e observação do
universo. Após a “aula” há mais uma hora de observação, utilizando os 10 telescópios
disponíveis, cada um apontado para uma espécie diferente de objeto. Após o
período de observação são oferecidos, enquanto se aguarda o ônibus, chocolate
quente, chá de camomila, café (Nescafé) e chá de coca. É um passeio
imperdível... mas é necessário reservar assim que chegar a San Pedro devido à
grande procura e ao limite de pessoas. O preço não é barato, mas recomendamos
que façam... o céu nunca mais será o mesmo.
VALLE
DE LA LUNA – o
tour inclui, além do Valle de la Luna, também o Valle de Marte (que alguns chamam de Valle de la Muerte) e Piedra del
Coyote (para ver o pôr do Sol no Mirador de
Kari). É um dos passeios mais conhecidos e baratos e pode ser feito de carro
ou moto, se assim você desejar. A questão é que no Valle de la Luna se caminha em torno de uma hora,
por uma trilha de areia, montanha acima, para poder chegar ao melhor ponto
de observação. Se você for de veículo próprio e não souber disso, pode perder a melhor vista. Sobre essa
caminhada também é bom destacar que pessoas com qualquer dificuldade de
locomoção devem evitá-la; é bem provável que tenham de retornar bem antes de
chegar ao destino. O local é chamado de Valle de la Luna por lembrar as
paisagens lunares, desertas, com montanhas e vales e de tonalidade
esbranquiçada; o esbranquiçado do Valle de la Luna se deve à presença do sal;
ele fica localizado na denominada Cordilheira do Sal. Quanto ao Valle de Marte,
possui em termos de relevo características semelhantes ao Valle de la Luna, mas
sua paisagem está tomada pelo avermelhado das montanhas; daí o seu nome, por
lembrar o planeta vermelho. O último ponto visitado no dia foi a Piedra del
Coyote, local onde se encontram muitos grupos de turistas para ver o Pôr do
Sol, que nesse dia iniciou às 20:12. É muito bonito... na realidade o Pôr do
Sol é sempre bonito. Dois pontos fracos do tour: (a) o primeiro foi o guia:
muito legalzinho, falava inglês, espanhol e português, mas praticamente não
forneceu nenhuma informação sobre os locais visitados... fundamentalmente
“guiava” o grupo, o que é muito pouco; e (b) o segundo foi o número de pessoas
muito grande; o grupo se dispersava nas caminhadas; grupos grandes só funcionam
se não houver longos trechos a serem percorridos a pé e houver mais de um guia
(pelo menos um na frente e outro no final do grupo). Sugerimos, quando
contratar esse passeio, escolher uma operadora que trabalhe com grupos pequenos
e, se possível, com grupos que dominem a mesma língua; isso permite um melhor
aproveitamento do passeio. A Maxim tinha nos oferecido isso; fizemos a escolha
errada (optamos pela agência que nos oferecia o pacote com todos os passeios).
SALAR,
LAGUNAS Y PIEDRAS ROJAS – o tour na realidade incluiu Toconao, Valle de Jeré
(em substituição a Piedras Rojas; um
protesto dos índigenas aos quais pertence o local está impedindo a visita deste
o dia em que chegamos), Salar de Atacama (onde fica o Parque Nacional de Flamencos) e Lagunas
Altiplanicas (nesse último ponto chegamos a
4.221 metros acima do nível do mar)... eu não senti nenhuma diferença; a Sandra
sentiu um pouquinho. Nesse passeio, como no anterior, o grupo era grande e
incluía pessoas que de diferentes nacionalidades e diferentes idiomas. E o guia
falava inglês e espanhol... vez em quando um portunhol... mas foi muito melhor
do que o do primeiro passeio; deu todas as explicações e orientações em cada um
dos locais visitados e mesmo durante o trajeto, quando passávamos por locais
que mereciam referência, como o projeto ALMA. Começamos por Toconao, onde as
atrações são uma torre construída no século XVII, um cactos que é considerado
um dos mais velhos do mundo (segundo o guia eles podem atingir os 300 anos de
idade; crescem 1 cm por ano, então a sua altura indica a idade) e algumas
lojinhas de artesanato. Havia banheiro disponível na praça; sua utilização
podia ser realizada mediante pagamento... em todos os demais pontos de parada
também havia banheiros, mas gratuitos. De Toconao fomos ao Valle de Jeré, que
originalmente não estava incluído no tour. É um Oásis encravado no deserto, com
árvores frutíferas, um riacho e água canalizada para o cultivo (canalização
feita ainda pelos Incas quando estiveram na região). Desse local é retirado o
material utilizado para a construção das casas do povoado. Nele também
encontramos uma construção típica do período colonial. Essa visita nos
proporcionou visualizar uma outra face do Deserto do Atacama. Na sequência
fomos para o Salar de Atacama, onde fica o Parque Nacional de Flamencos
(Flamingos). O passeio incluiu uma primeira exposição sobre os Flamingos e seus
hábitos e depois um passeio entre as lagoas para vê-los e fotografá-los... é
necessário ficar em silêncio para não os assustar. Foi bem interessante e
tiramos belas fotos... trouxemos junto com a Canon uma lente telescópica, muito
útil nesse momento. Daí partimos para o último ponto do tour, as lagoas
altiplanicas Miscanti e Miñiques, a mais de 4.100 metros de altura em relação
ao nível do mar. É um visual magnífico; e o dia estava ensolarado e com
temperatura boa; uma camisa de manga comprida era suficiente (bem longe do zero
graus que constava do material de divulgação... estávamos no verão local). No
trecho em entre o Salar de Atacama e as Lagoas, que demorou mais de uma hora de
ônibus, pudemos avistar alguma Lhamas e um Lobo (que a Sandra, em uma rara
felicidade, conseguiu em um único clique fotografar de forma perfeita... outra
vez a lente telescópica, que estava instalada na máquina naquele momento,
ajudou muito). No retorno paramos para almoçar em um pequeno vilarejo; depois
retornamos ao hotel. Esse passeio é mais longo que o anterior, tomando o dia
todo. Também pode ser feito de carro ou motocicleta; mas em alguns momentos o
acesso é por estradas de terra com pouca sinalização; fazê-lo sem guia exige um
bom GPS... se perder no deserto pode ser bem complicado. Aproveitando: saia
para os passeios sempre com o tanque cheio e ao retornar vá direto ao posto de
complete... só há um posto na cidade e ocorre de faltar combustível... e não
outros postos próximos; acreditamos que o mais próximo seja em Calama, em
direção à Antofagasta.
LAGUNA
CEJAR – esse passeio inclui as Lagunas Cejar, Piedra e Tebenquiche e
também os Ojos del Salar. A primeira dessa Lagunas, a Cejar, é a mais
salgada do mundo; mais salgada do que o Mar Morto; não é permitido tomar banho
nela, apenas apreciá-la e fotografá-la. A segunda Laguna é a Piedra, onde
ocorre o famoso banho no qual as pessoas flutuam (ou melhor: não conseguem
afundar nem que o desejem), o que ocorre devido à grande concentração de sal
presente na água. Depois dessas duas Lagunas há a visita aos Ojos del Salar,
dois poços de água doce no meio do Salar de Atacama; é possível tomar banho em
um deles, mas é necessário saber nadar; são profundos e como são de água doce é
possível afundar como em qualquer rio ou lagoa que conhecemos. Já ao final da
tarde visitamos a Laguna Tebenquiche, onde também não é possível entrar na
água. Como ela é a mais rasa de todas, em grande parte dela vemos apenas uma
placa de sal, como se sequer existisse água... é encantador. Depois de uma
caminhada pelas suas margens a Turistour ofereceu um breve lanche com presunto,
queijo, bolachinhas salgadas e sementes, acompanhado de uma taça de vinho
branco para cada passageiro. Foi um passeio muito legal; como estamos um pouco
resfriados e temos ainda uns 3.000 quilômetros pela frente nos restringimos a apenas
colocar os pés e parte das pernas na água, sem tomar o famoso banho salgado...
nossas pernas ficaram brancas de sal. Uma observação sobre esse passeio: amigos
nos tinham dito que deveríamos levar água para tirar o sal após o banho; não é
mais necessário. O local agora dispõe de vestiários, chuveiros e banheiros
muito limpos e organizados; só é necessário levar roupa de banho e toalha.
GEYSERS
DEL TATIO – o nosso último Tour incluiu os Geysers del Tatio, o Povoado de Machuca,
um pântano com espécies de aves nativas e o Canyon del Rio Puritama. A chegada
aos Geysers, um pouco depois das 6:00 horas foi com a temperatura de 5°
negativos,
em uma altitude de aproximadamente 4.300 metros acima do nível do mar, a maior
dentre todas as encontradas nos passeios realizados. Na chegada é realizada uma caminhada entre os Geysers, durante a
qual o guia explica as diferentes espécies existentes. Em torno da metade dessa
caminhada o Sol começou a aparecer... já tínhamos assistido ao Pôr do Sol no
Atacama; e neste tour tivemos a oportunidade de assistirmos o seu nascimento. O
passeio é realizado muito cedo da manhã porque é antes do nascer do Sol que
podemos visualizar melhor os gases e jatos d’água; nesse período há o contraste
das suas cores com a penumbra do amanhecer; a medida que a luz do Sol ilumina o
vale diminui a visibilidade das cores e imagens que podem ser vistas quando os
gases estão sobre um fundo sem brilho. Não é mais permitido banhar-se nos
Geysers em razão de que pesquisas demonstraram que as suas águas não são
adequadas para essa finalidade, podendo causar danos à saúde. Ao final do
passeio foi servido um café da manhã (pelo que vimos todas as agências tem o
mesmo procedimento). No retorno para San Pedro, após o café, passamos por um
pequeno povoado, Machuca, onde é possível ir ao banheiro e realizar um lanche;
havia espetinho de Lhama, entre outras opções. Também houve uma parada no
Canyon do Rio Puritama, permitindo uma visão muito bonita do contraste entre o
Salar e uma área totalmente verde cercada por imensos paredões. Além desses
locais também passamos por dois outros Oásis onde foi possível avistar várias
aves nativas e fotografá-las; tivemos também a oportunidade de em um deles observar
diversas Vizcachas (são da mesma família dos cangurus), que é um animal mais
raro de ser avistado. Em um dos Oásis havia muitas aves atacamenhas; nos
Geysers já tínhamos visto e fotografado a Guallata Andina (uma Gaivota); ali vimos
também Caitís e Taguas Cornudas. Em uma lagoa na beira da estrada havia ainda
um grupo de Flamencos Andinos. E em diversos locais foi possível avistar, a
distância, Guanacos, Vicuñas e Lhamas... como, em uma rara oportunidade, no
nosso segundo passeio, já tínhamos avistado um Lobo, tivemos a experiência rara
de ver ao vivo, em seu habitat natural, exemplares de praticamente todas as
principais espécies atacamenhas. É um passeio bem interessante, mas é
necessário acordar muito cedo; os tours começam a sair às 4:30 e retornam em
torno das 12:00. Embora seja possível fazer de carro ou moto, não recomendamos
por dois motivos: (a) as estradas são, em muitos trechos, de terra e há locais
que estão com costeletas muito fortes (motos custon terão problemas para rodar
nesses trechos); e (b) para apreciar adequadamente os Geysers é necessário ir
na madrugada... dirigir a noite, em estradas desconhecidas, no meio das
cordilheiras, é muito perigoso.
É importante destacar que
há outras opções turísticas além das que nós escolhemos; na realidade nós
optamos pelos 4 passeios tradicionais; dependendo do seu espírito de aventura e
tempo disponível há outras opções interessantes, seja para incluir na lista,
seja para realizar substituições. Para finalizar este diário vamos, na sequência,
realizar algumas observações gerais considerando a nossa experiência pessoal.
MÁQUINA
FOTOGRÁFICA / FILMADORA – se você tiver possibilidade de levar uma máquina
melhor, daquelas que trocam de lente, leve também uma lente telescópica. Há
locais que dificilmente se tem a oportunidade de ir visitar pessoalmente, como
os vulcões... e há pontos proibidos nos locais abertos à visitação... e há os
flamingos, que nem sempre estão perto o suficiente para boas fotos. Termos
levado uma Cannon com três lentes, incluindo uma telescópica, fez muita
diferença em alguns momentos... entre eles um em que a Sandra conseguiu
fotografar um lobo... na foto parece que ele está a poucos passos de nós.
COMBUSTÍVEL
– se você for de carro e, especialmente, se você for de motocicleta e optar por
fazer os passeios no seu próprio veículo é preciso ficar muito atento à
quantidade de combustível no tanque. Além de haver um único posto na cidade, há
o risco de não existir combustível disponível. Soubemos que no período do ano
novo o posto de San Pedro limitou em 10 litros o máximo diário para cada carro.
INGRESSOS
NOS PARQUES – como já tínhamos escutado em Santiago, no Chile tudo é cobrado
(em outras palavras: tudo se paga)... no Pátio Bellavista (em Santiago) e nas
paradas em Toconao e em Machuca pagamos inclusive para utilizar os banheiros.
Então que fique claro que você pagará ingresso para entrar em praticamente
todos os lugares que for visitar em San Pedro de Atacama.
TOUR CONTRATADO OU VEÍCULO PRÓPRIO – fizemos a opção pelos passeios guiados e não nos
arrependemos. Não teríamos tido todas as informações que tivemos, provavelmente
teríamos deixado de visitar itens muito legais em alguns dos locais visitados,
não teríamos conhecido tantas pessoas interessantes, de diversos locais, como
conhecemos... sim, turismo compartilhado nos permite ampliar nossas relações, o
que é muito bom. E quando se viaja apenas o casal, como no nosso caso, esses
momentos são importantes para sairmos um pouco do nosso isolamento. Além disso
não é tão mais caro assim... é só fazer o cálculo dos gastos com entradas,
combustível, alimentação (nos passeios longos normalmente ela está incluída)...
e ainda se elimina os riscos de danos ao veículo e a possibilidade de se perder
nas estradinhas de terra que levam aos diversos locais turísticos.
AGÊNCIA DE TURISMO E TAMANHO DOS GRUPOS – não temos reclamação da agência escolhida, a TurisTour, mas não faríamos novamente com ela os passeios nos quais ela utiliza ônibus. Nosso primeiro passeio foi em um grupo um pouco superior a 30 pessoas; o segundo em grupo próximo de 20 pessoas; o terceiro em grupo de apenas 7 pessoas; o quarto e último em grupo de um pouco mais de 20 pessoas. Não há comparação: os passeios em grupos menores são muito mais bem aproveitados do que aqueles em grandes grupos. Ou seja, a nossa sugestão é escolher uma agência séria e com tradição (informe-se no seu hotel sobre quais são as agências com maior tempo de atuação em San Pedro e que são melhor avaliadas) e que lhe ofereça passeios em grupos menores (no máximo em vans; elimine as opções com ônibus, com exceção do Tour Astronômico que possui características próprias).
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